domingo, 1 de novembro de 2015

Anita no comboio

Bem, como já referi, sou de trás os montes e quando digo isto quero dizer que sou mesmo cá do topo de Portugal, onde não existe comboio, ou metro e ninguém usa transportes publicos, nem sei se passam de hora a hora ou 2 vezes por dia, nem tenho carro, ando sempre a pé até porque moro no centro da cidade. Isto para dar uma introdução ao facto de adorar andar de comboio e passar sempre vergonhas quando ando. Raramente faço uma viagem de comboio acompanhada por isso acabo sempre por pedir ajuda a um desconhecido para tirar um bilhete ou pedir uma informação (não gozem). Se lerem até ao fim acho que vão sentir um pouco de vergonha alheia, mas nada de mais, há pessoas piores!
A primeira vez que andei neste transporte sozinha foi há uns bons anos em São Bento, a estação estava mesmo cheia e já era noite por isso estava com medo de andar sozinha e nunca tinha comprado um bilhete, tinha de me dirigir a uma das centenas de pessoas que lá estavam para me ajudar, olhei à minha volta e escolhi um senhor com cerca de 40 anos e com bom aspeto (não quero discriminar ninguem mas não me ìa dirigir um senhor que parecesse toxicodependente por exemplo, mesmo que a aparencia não queira dizer nada) pareceu-me uma decisão acertada, expliquei-lhe a situação e no fim o senhor começa a emitir uns sons e a fazer gestos, era surdo, no meio de tanta gente como fui pedir informações a um surdo??? expliquem-me! A minha cena com comboios começou aqui.
Nas ultimas semanas estive no Porto, Aveiro e Coimbra por isso lá fui eu para mais uma aventura no meu meio de transporte favorito. Outra vez em São Bento, estava uma rapariga à minha frente para tirar bilhete nas maquinetas, alta, magra, olho azulão, cabelos negros, pele mais clara que o leite mais claro, com uma cara esguia e nariz fino, definitivamente estrangeira, deixou-me passar à frente dizendo algo que não percebi, acho que não encontrava o cartão. Lá comecei a minha luta para tirar o bilhete para Aveiro sem a ajuda de ninguem, tudo muito bonito, cheguei ao fim e perguntava se desejava bilhete inteiro, promocional, ou outra cena qualquer, fiquei tipo "que merda é esta?? é obvio que prefiro o promocional" mas pronto, lá olhei à minha volta para pedir ajuda e não vi ninguém que me agradasse, posto isto pedi ajuda à estrangeira, fiz sinal para se aproximar e comecei a explicar o que se passava muito devagarinho com palavras simples como se de uma garota de 5 anos se tratasse, algum inglês pelo meio, no fim da minha incrivel explicação, a gaja começa a falar-me com um português espetacular melhor do que o Diogo Infante, claro que só queria um buraco e me parti a rir como louca na cara dela.
Agora viagem de Aveiro para Coimbra, o meu namorado acompanhou-me à estação e disse que eu precisava de ir à bilheteira porque para Coimbra só há comboio regional, mas eu que não sou nada teimosa fui experimentar nas máquinas, óbvio que foi em vão, lá fui à bilheteira e feita burra ainda lhe apresentei o cartão ao senhor que me disse logo que não precisava daquilo para nada. A menina já no comboio a apreciar a paisagem e toda contente a rir dos nomes de algumas localidades por onde passava, com os pézinhos em cima do banco da frente. Entra o revisor, na minha cabeça eu vi-o a olhar para os meus pés e muito rápido tirei-os do banco e fiz-lhe um olhar assim malandreco e um sorriso de quem tinha feito asneira mas pedia desculpa, o senhor ficou muito escandalizado comigo, acho que pensou que estava a presenciar uma cena de engate da minha parte para com ele, estava atrapalhado e incomodado, eu era uma tarada, nem tinha reparado nos meus pés, mais uma vez só queria um manto de invisibilidade comigo. Senti-me uma ursa.



Ok, sou uma otária e escrevi um texto enorme para chegar a essa conclusão, mas continuo a adorar andar de quimboio!

Ana

4 comentários:

  1. Não ando de comboio, mas também tenho grande pontaria para pedir informações, quando vou de carro e me sinto meio perdido.
    Já acertei em cheio num mudo, num deficiente mental, gagos e fanhosos acho que já "embiquei" com dois ou três, com uns quantos estrangeiros e quando fui a Paris, andava sempre a "fugir" de meter conversa com "tugas", porque são uns chatos do caraças e nunca mais despegam, mas fui pedir informações a um preto que, imagina, era da Guiné, tinha vivido em Portugal e falava português melhor do que muitos "africanos" nascidos na Cova da Moura. eheheheh
    E custou ver-me livre dele. Queria à força vender-me uma Torre Eiffel de plástico. eheheh

    ResponderEliminar
  2. Deixa lá que quando tive que começar a utilizar transportes públicos também passei umas quantas vergonhas. A primeira vez que supostamente ia andar de autocarro, não aconteceu porque não acenei que parasse. Ou seja, estava eu na paragem e parti do princípio que ele iria parar, tristeza haha.

    Ricardo, The Ghostly Walker.

    ResponderEliminar
  3. haha aconteceu-me exatamente o mesmo na primeira vez andei de autocarro em Lisboa, tive de esperar mais uma hora

    ResponderEliminar
  4. Ahahahah parti-me a rir com esta história, parecia eu e o meu namorado à procura do metro da Campanhã (pensava que era subterrâneo processem-me^^)

    ResponderEliminar

toda a opinião conta